Deita menino, tua cabeça no meu ombro.
Se quiseres continuar tocando tua flauta, ouvirei todas as notas e verei todos os risos que dela se elevam aos céus.
Se quiseres chorar, não farei barulho algum para que possas ouvir o bater forte e compassado de meu coração, dizendo que nas lágrimas mais sentidas estão escondidos os oceanos de esperança.
Dorme menino, deixa que o vento suave brinque com teus cabelos macios, te beije os olhos e os sonhos; enquanto ressonas, recordarei teus murmúrios, teus pedidos às estrelas quando, numa poça d’água, achavas que as tinhas a escorrer entre os dedos.
Quando acordares será outro tempo e, abrindo teus olhos e tua mente, terás tempo suficiente para sentires o sol raiando na tua vontade louca de viver!
Por enquanto, adormece menino; prometo segurar teu balão colorido para que não saia a voar sem destino e também não deixarei que as formigas façam festa com teu algodão doce porque, bem sei, o clima não é de festa…
Quero apenas que descanse teu cansaço, tua dor, tua aflição; quem sabe sonhes com uma pipa linda a riscar o espaço, quem sabe sonhes com uma rosa ou com uma nova canção.
Permite apenas que eu sorria, na tentativa de que teu sono seja em paz.
Querida Bel
Seus textos são muito especiais,
cada palavra, cada frase…
e meu coração se identifica
com a ternura e a beleza.
É um alento.
Beijo da Bel!