Sempre me perguntava o porquê de gostar tanto de pérolas.
Hoje, mais que nunca, sinto-me atraída, fascinada por elas, como se remexendo dentro de minhas entranhas se concha fosse.
Depois de um tempo encontrei o motivo, enquanto olhava o colar de pérolas de minha mãe, a escorrerrem entre meus dedos como lágrimas do mar.
Perdida naquela contemplação veio-me à mente a formação de tão delicada pedra, apesar desse assunto já ter sido abordado quando reunidos estávamos na sala de jantar por ocasião de meu aniversário, data em que ganhei um anel de pérola de minha irmã.
Mas como que hipnotizada por elas, em plena e assustadora identificação, fui repetindo para mim mesma, Algo penetra na ostra e esta se incomoda com o invasor; a dor é tanta que, a tal ponto, para se proteger, vai envolvendo-o com o nácar resultante dessa agressão, até que esteja totalmente coberto a ponto de não feri-la mais.
E o que era dor transforma-se em pérola.
Soou-me na mente as palavras de alguém ali presente, já não me lembro quem, Pérolas são feridas curadas, são feridas cicatrizadas, ao que minha mãe completou, Tudo que é valioso vem de dentro!
Há guardada dentro de uma concha, em algum lugar do tempo, uma pérola cultivada, essa que agora sou.
Quizera poder depositá-la a seus pés no dia de hoje, mas não sei em que estrela do mar você está adormecido.
Absurdamente BELO!!!Um dos textos mais profundos que você já escreveu.E de uma beleza que eu jamais conseguiria definir. Parabéns, Bel querida!