Preciso de paz, minha mãe
para fitar tua imagem
na moldura dourada do tempo
Só assim
ao entardecer nas teclas deste piano
conseguirei fitar tua doçura
O sorriso leve
na tua boca vermelha e desenhada
delineando os desejos de meu pai
Teu uniforme de normalista
tuas iniciais bordadas na blusa
a mocidade apaixonada brilhando nos olhos teus
Olhavas para quem, minha mãe
quem roubava teu olhar
fazendo-a mostrar apenas teu delicado perfil
Preciso de serenidade, minha mãe
para encontrar-te nesta noite de outono
mas consigo apenas morrer de saudade
“na moldura dourada do tempo”… Como dói, querida Bel, morrer de saudade, vira e mexe ela vem… num gesto, numa canção, numa fotografia… Lembrei do meu pai que partiu há 3 anos e meio, e permanece tão vivo em meu coração.