
Já pela manhã, Helena providenciara todo o necessário para que a festa se tornasse inesquecível.
Cuidou de detalhes que antes não houvera notado, mas que lhe davam prazer.
E entre flores raras e taças de cristal confirmou, mais uma vez, que toda aquela expectativa resumia-se em um único nome: Alexandre.
Amava-o, é verdade.
Amava-o com tanto querer que até doía.
Sentiu, logo que despertou em uma longa espreguiçada, que aquele dia seria muito especial.
Correu para o espelho e viu em seus lábios um meio sorriso, outra meia surpresa no olhar, onde repousado estava um brilho estranho.
O coração apertou-se-lhe e não compreendeu a razão, mas não deu tanta importância, voltada que estava às tarefas ainda por cumprir.
Já noite, linda, parecendo uma fada levitando ao luar, dirigiu-se ao grande salão com uma vontade louca de rodopiar com seu amado, até que o sol raiasse por detrás daquela serra.
Por certo trocariam juras de amor, carícias, sussurros, desejos.
Enquanto subia os degraus da escada principal, um rouxinol repentino pousou em seu ombro e disse-lhe baixinho no ouvido que trazia um recado muito importante, Se abraçar Alexandre, ele será petrificado para sempre.
Soluçando e morrendo aos poucos, entrou escondida no salão, com a intenção de ver, pela última vez, seu amor.
Mesmo que de longe.
Mesmo que despercebida, escondida por detrás dos pilares, das cortinas, do medo.
Apenas para vê-lo sorrindo e guardar essa imagem em seu trêmulo coração.
Depois partiria imperceptível, para que ele pudesse viver.
Enquanto assim pensava e com a visão turvada o procurava, não se apercebeu de alguém que chegava de mansinho e, num ímpeto, puxou-a para o meio do salão.
Vamos dançar minha bela Helena? foi o que teve tempo de ouvir seu Alexandre dizer.
Antes que ficassem petrificados, um nos braços do outro.
Para sempre.
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