Gosto de livros novos.
Claro é que se os tenho, foram escolhidos e adquiridos depois de muita observância e prazer.
Gosto de livros novos.
Executo um ritual toda vez que tenho um em minhas mãos.
E, interessante, percebi que esse ritual não acontece em livrarias, somente quando estamos eu e a obra; já tentei, chego até o meio do caminho, mas não existe intimidade suficiente no ambiente para que possamos nos apresentar.
Aprecio a arte gráfica da capa, cores, imagens, título, altos e baixos relevos.
Leio as orelhas do livro para saber do que se trata, a biografia do autor e em seguida, a contra capa.
Aí então chega o momento que mais gosto (antes de ler, é claro).
Abro o livro em qualquer página e cheiro-o profundamente.
Profundamente… como se assim pudesse colher em mim todo o seu conteúdo e, quando o estiver lendo, apenas estarei tomando conhecimento do que dentro de mim já está; é a tinta, o papel e também um pouco do perfume da alma de seu autor o que me embriagam tanto.
Assim permaneço por alguns instantes, olhos fechados, deixando-me invadir pelas sensações para depois, com lucidez, saborear as palavras.
Sorrio com elas, choro com elas, me emociono com elas, durmo com elas.
Às vezes sonho, às vezes me assusto com elas.
Mas é certo que, novo ou velho, quando estou lendo um livro, abraço-o como se a um grande amor.
Talvez, um dia, alguém possa ler as anotações que costumo fazer nas margens desses livros e assim saiba que aquelas palavras foram importantes para alguém que redescobriu emoções adormecidas através das emoções de outras pessoas humanamente sensíveis e inspiradoras.
Livros, meus mestres silenciosos, mas que me falam tanto à alma.